Observação: Fiz um resumo em português do livro “The Anatomy of Story” do “John Truby”. Este é apenas um capítulo, veja o resumo dos outros capítulos em: The Anatomy of Story – John Truby – Resumo
Vamos trabalhar em um processo para criar personagens. O processo envolve:
1. Pensar em todos os personagens e não só no herói.
2. Individualizar cada personagem por tema e oposição.
3. O herói tem quer ser multicamadas, complexo e a audiência precisa se importar.
4. O oponente deve ser criado em detalhes.
5. Técnicas de criação de personagem.
Character Web (Rede de Personagens)
Um personagem ajuda a definir o outro. Geralmente um personagem é definido por quem ele não é.
Cada vez que você compara um personagem ao seu herói, vc se força a distinguir seu personagem em novas maneiras, além disso, os personagem secundários ficam mais fortes.
Character Web by Funcion in the Story (Rede de Personagens por Função)
Hero (Herói).
Opponent (Oponente).
Ally (Aliado): Permite a audiência ouvir valores e sentimentos do herói. Ocasionalmente, o aliado pode ter seu próprio objetivo.
Fake-ally Opponent: É uma maneira de adicionar força ao oponente e ainda ter um twist no plot.
Fake-opponent Aly: Não é algo muito comum de ter.
Subplot Character: Serve para constratar mostrando como o herói lida com o mesmo problema em uma maneira diferente. Ele realça traços e dilemas do herói.
Character Technique: Two Main characters (Técnica: Dois Personagens Principais)
Em histórias de amor ou de amizade é como se tivessem dois personagens principais.
Love Stories (Histórias de Amor)
Em histórias de amor uma pessoa não se torna um verdadeiro indivíduo sozinho, ela se torna única e autêntica apenas quando forma uma comunidade de duas pessoas. É através do amor do outro, que cada um cresce e se torna sua versão mais profunda de si mesmo(a).
Mas na história vc precisa dar a apenas a um deles a linha principal de desejo.
A pessoa desejada é na verdade o principal oponente.
Geralmente tem mais oponentes à união, membros da família por exemplo.
Você pode colocar outros amantes para as duas pessoas, assim é possível comparar versões diferentes do que seria uma mulher ou homem de desejo.
Buddy Stories (Histórias de Amizade)
Permite dividir o herói em duas partes, mostrando duas diferentes formas de vida e dois sets de talentos. Eles são como se fossem casados, como se fossem um time e as diferenças entre eles ajudam a trabalharem juntos.
Um dos dois deve ser mais central que o outro, geralmente é o mais inteligente dos dois.
O amigo é ao mesmo tempo o primeiro oponente e o primeiro aliado. Mas tem tmb pelo menos um oponente de fora perigoso. E como geralmente são uma jornada mítica eles encontram vários oponentes secundários no caminho, cada desses oponentes pode ser rapidamente derrotados e eles representam um aspecto negativo da sociedade que odeios os heróis e quer derrubá-los.
Sempre tem um conflito entre os dois, isso permite uma oposição constante durante toda a história.
Character Technique: Multiple Heroes and Narrative Drive (Técnica: Múltiplos heróis e Linha Narrativa)
O risco de ter vários heróis é que pode não ter uma direção narrativa, não ter história.
É importante ter uma qualidade linear, uma sequência de eventos no tempo.
Dá mais trabalho. Cada heróis precisa passar pelos 7 steps (fraqueza e necessidade, desejo, oponente, plano, batalha, autorrevelação, novo equilíbrio).
Algumas técnicas:
- Ter um herói mais central que os outros
- Dar a todos os heróis uma linha de desejo
- Fazer o herói de uma história ser o oponente de outra
- Conectar personagens por um mesmo assunto ou tema
- Usar ganchos para cortar para outra história
- Afunilar os personagens de várias locações para uma só.
- Reduzir o tempo (tentar fazer tudo acontecer em uma noite)
- Indicar passagem de tempo.
- Ter os personagens se encontrando ocasionalmente por coincidência
Character Technique: Cutting Extraneous Characters (Técnica: Cortando Personagens Desnecessários)
Tire os personagens inúteis. Pergunte-se: Esse personagem serve para uma função importante na história? Caso não, corte-o!
Character Web By Archetype (Rede de personagens por Arquétipo)
Arquétipos: Padrões psicólogicos em uma pessoa. Papéis que uma pessoa pode exercer na sociedade, formas de interagir com outros.
Se vc não der detalhes para o arquétipo, isso se torna um estereótipo.
O conceito chave nos arquétipos é a sombra, a tendência negativa, a armadilha psicológica
King or Father (Rei ou Pai)
Força: Liderança, sabedoria, resolve as coisas.
Fraqueza inerente: Ser opressivo, não ser sentimental, pode forçar os outros a viverem para seu prazer e benefício.
Queen or Mother (Rainha ou Mãe)
Força: Provê carinho e abrigo.
Fraqueza inerente: Ser superprotetora ou supercontroladora (até o nível de tirania). Pode usar culpa ou vergonha para manter as pessoas pertas e garantir o conforto delas.
Wise Old Man, Wise Old Woman, Mentor or Teacher (Velho sábio, Mentor ou Professor)
Força: Pode passar conhecimento e sabedoria para que outros tenham uma vida melhor.
Fraqueza inerente: Forçar alunos a pensar de um jeito ou querer a glória para si.
Warrior (Guerreiro)
Força: Faz o que é certo.
Fraqueza inerente: Vive sob o lema matar ou morrer. Pode acreditar que o que é fraco precisa ser destruído e se tornar alguém que faz o que é errado.
Magician or Shaman (Mágico)
Força: Torna visível aquilo que ninguém vê. Controla forças naturais.
Fraqueza inerente: Pode manipular a realidade para escravizar outros e destruir a ordem natural.
Trickster (Trapaceiro)
Força: Usa sua confiança, trapaças e é bom com palavras, assim consegue o que quer.
Fraqueza inerente: Pode se tornar um completo mentiroso que só pensa em si mesmo.
Artist or Clown (Artista ou Palhaço)
Força: Demonstra excelência ou mostra o que não funciona. Mostra a beleza mesmo das coisas feias.
Fraqueza inerente: Pode se tornar fascista insistindo na perfeição. Quer criar um mundo onde tudo pode ser controlado ou ainda destruir tudo.
Lover (Apaixonado)
Provê o carinho e sensualidade que faz alguém completo e feliz.
Fraqueza inerente: Se perder perante o outro, ou forçá-lo a viver sob sua sombra.
Rebel (Rebelde)
Força: Coragem para se erguer no meio da multidão e ir contra um sistema que escraviza pessoas.
Fraqueza inerente: Não provê uma alternativa melhor a não ser destruir todo o sistema ou sociedade.
Individualizing Character in the Web (Individualizando Personagens na Rede)
Comece procurando o tema da história, sua visão moral. Qual é o problema moral na história? Então pense nas várias possibilidades para esse problema moral.
Crie oponentes e aliados que forcem o herói a lidar com o problema moral central. Cada oponente é uma variação no tema que faz o herói lidar com o problema de uma maneira diferente.
- Encontre o problema moral.
- Compare todos os personagens com o herói nesses parâmetros
- Fraqueza
- Necessidade (psicológica e moral)
- Desejo
- Valores
- Força, status e habilidade
- Como enfrentam o problema moral
- Comece a comparação pelo oponente.
- Depois compare com outros oponentes e depois com os aliados.
Creating your Hero (Criando seu Herói)
Você precisa construir o personagem em camadas.
Toda a rede de personagens vai ajudar a criar o herói.
Step 1: Meeting the Requirements of a Great Hero (O Que Todo Herói Precisa)
A principal funçãodo herói é direcionar toda a história.
Ele tem que ser constantemente fascinante
O herói tem q segurar a atenção da audiência. Se ele fica chato, a história para.
Faça o herói misterioso, a audiência tem que saber q ele esconde algo.
A audiência tem que se identificar com ele, mas não muito
A identificação acontece em 2 elementos: O desejo e o problema moral que ele enfrenta.
Se a audiência se identificar muito com o personagem, ela talvez não consiga dar o passo atrás e vver como o herói muda e cresce.
Faça a audiência ter empatia por ele, não simpatia
A audiência precisa entender o personagem e não necessariamente gostar de tudo que ele faz. Tem empatia significa se importar e entender o herói.
Sempre mostre para a audiência o motivo das ações do herói. O herói não precisa saber, mas a audiência sim. Muitas vezes o herói está inicialmente errado sobre sua razão para fazer algo, e só descobre o real motivo no momento da autorrevelação.
Dê ao herói uma necessidade moral e uma psicológica
Isso aumenta o efeito que o personagem causa na história e aumenta o impacto emocional.
Step 2: Character Change (Mudança do Personagem)
O que é o Personagem
A mudança do personagem não acontece no final, ela é possibilitada no início pela forma como vc faz o set-up. Você tem que pensar no personagem, desde o início, como um range de mudança, um range de possibilidades.
Quanto menor o range, menos interessante a história, quanto maior o range, mais arriscada é a história, pois o personagem não muda tanto em tão pouco tempo.
Começar pobre e terminar rico ou começar bêbado e parar de beber, são mudanças, mas não mudanças do personagem. Mudança envolve uma desafiadora mudança de crenças que levam a uma nova ação moral.
Alguns tipos de mudança são mais comuns:
- Child to Adult (Criança para Adulto): Uma pessoa jovem muda suas crenças e toma uma nova ação moral.
- Adult to Leader (Adulto para Líder): Começa preocupado apenas consigo mesmo e percebe que precisa ajudar os outros também.
- Cynic to Participant (Cínico para Participante): Parecido com o Adult tio Leader, mas aqui o herói tinha se afastado da sociedade e agora volta para ela como um líder.
- Leader to Tyrant (Líder para Tirano): Começa ajudando alguns e depois os força a seguir seu caminho.
- Leader to Visionary (Líder para Visionário): Começa ajudando alguns, termina mostrando para toda uma sociedade como ela deveria mudar e viver no futuro.
- Metamorphosis (Metamorfose): Comum em horror e fantasia. Começa como homem e se transforma em algo. Ou um animal que se transforma em humano.
Cria a mudança do seu personagem na história
Sempre comece pelo final da mudança (a autorrevelação). Depois volte e determine o ponto inicial (necessidade e desejo). depois descubra os passos intermediários.
Começa-se pelo final pois é uma jornada, precisamos saber para onde vamos. Sabendo isso tudo vai levar até lá, sem coisas desnecessárias.
O momento da revelação deve:
- Ser de uma só vez, assim é mais dramático.
- Ser uma explosão de emoção para audiência.
- Ser informação nova para o herói, ele vê pela primeira vez que estava vivendo uma mentira sobre ele mesmo e estava machucando os outros.
- Levar o herói a tomar uma ação moral imediatamente, provando q a revelação é real e realmente o mudou.
O setup para a revelação deve ter um herói que:
- Pensa e capaz de ver a verdade.
- Esconde algo dele mesmo.
- Sofre com a mentira
Character Technique: Double Reversal (Técnica: Dupla Revelação)
Você dá ao oponente uma autorrevelação tmb, o herói aprende algo com o oponente e vice-versa. E a audiência recebe 2 insights sobre como viver no mundo ao invés de 1.
Para isso o oponente precisa ter fraqueza e necessidade e ser capaz de aprender e de mudar (Um monstro que arranca o coração das pessoas para jantar não é capaz de mudar).
Em histórias de amor, onde o oponente é o lover, é comum ter essa dupla revelação.
Step 3: Desire (Desejo)
Se você tiver mais de uma linha de desejo, sua história desmorona.
O desejo precisa ser específico, quanto mais específico melhor. “Ele quer se tornar independente” não é específico, “Ele quer entrar na faculdade de medicina” é específico.
O desejo ser realizado (ou a falha de realizar) deve acontecer no final da história.
Step 4: The Opponent (O Oponente)
O herói aprende através do seu oponente. Quanto melhor o oponente, melhor o herói, um leva o outro ao crescimento.
Qual seria o melhor oponente?
Quem é a melhor pessoa para atacar a fraqueza do herói? Esse é o oponente, e ele deve fazer isso sem dó. Só assim o herói poderá crescer.
Faça ele ser humano
Isso não significa que ele não pode ser um animal ou um fenômeno. Significa que ele tem que ser completo e ter valores como o herói.
Um oponente humano é sempre uma forma de double do herói.
- Ele tem fraquezas que fazer ele agir errado perante os outros.
- Tem uma necessidade, baseada nas suas fraquezas.
- Precisa querer alguma coisa, preferencialmente o mesmo que o herói.
- Deve ter grande poder, status ou habilidade para pressionar o herói, preparar a batalha final e levar o herói ao sucesso (ou falha).
Dê a ele valores que se opõem aos valores do herói
As ações do herói e do oponente são baseadas em suas crenças e valores, em suas formas de ver o que faz a vida ser boa.
Dê a ele um forte, mas falho, argumento moral
Tanto o herói quanto o oponente acreditam que estão no caminho certo, e eles tem razões para isso.
O argumento moral do oponente tem q ser forte, mas de certa forma errado.
Dê a ele certas similaridades com o herói
Com as similaridades, as diferenças ficam mais claras.
E isso evita que o herói seja totalmente bom e que o oponente seja totalmente mal. Nunca pense neles como extremos opostos.
Mantenha-o no mesmo lugar que o herói
Encontre uma razão para que eles estejam no mesmo lugar.
Building Conflict
Coloque pressão constante no herói.
Apenas um oponente mata a chance de se aprofundar na história. Você precisa de uma rede de oponentes.
Four-Corner Opposition
Herói terá o oponente principal e mais dois.
Cada oponente deve usar uma forma diferente de atacar a fraqueza do herói
Cada um representa uma parte da sociedade e ataca de um jeito.
Tente colocar cada personagem em conflito, não só com o herói, mas com cada um
O resultado é intenso conflito e um plot denso.
Coloque os valores de cada um dos quatro em conflito.
Seja detalhista ao listar os valores.
Olha para a versão positiva e negativa de cada valor. Determinado x Agressivo; Honesto x Insensível; Patriota x Dominador. Assim você pode ver que erros o personagem pode cometer.
Empurre os personagens para os cantos do diagrama.
Faça cada um o mais diferente possível dos outros.
Estenda o four-corner pattern para cada level da história.
Faço esse gráfico dos 3 oponentes com a família, com o mundo….
Creating your Character – Writing Exercise 3 (Criando seu Personagem – Exercício de Escrita 3)
O autor propõe um exercício listando tudo que foi discutido no capítulo.
Leia o resumo do próximo capítulo: http://adrianoo.com/the-anatomy-of-story-chapter-5-moral-argument-argumento-moral-resumo/